segunda-feira, 11 de maio de 2009

Torres Vedras no Tempo dos Romanos - 7- lucernas


A Lucerna é um dos objectos mais característicos do período romanos.
No concelho foram encontradas 11 Lucernas, em seis lugares diferentes, 4 das quais na Quinta da Portucheia, duas no Penedo, duas em S. Gião d’Entre Vinhas, e uma em cada um dos seguintes lugares: Torres Vedras, Mercado Municipal; Torres Vedras, junto á Capela de S. João e uma nas Ferrarias.
Três delas são de bronze, as restantes em barro, apresentando algumas curiosas decorações figurativas.
As lucernas em bronze são raras em Portugal, sendo significativo que duas delas tenham sido descobertas em S. Gião.
A iluminação era a principal função desses objectos.
Serviam para iluminar o interior das casas e dos templos e, simbolicamente para iluminarem as sepulturas, desempenhando portanto um importante papel no culto dos mortos:
“Tiveram um papel importante no culto dos mortos: alumiavam o corpo do defunto, utilizavam-se para acender a pira funerária e iluminavam os túmulos em certas datas. Mas é como oferendas fúnebres que têm um maior sentido mágico-religioso. Se por um lado, faziam parte daquilo que o morto precisaria no Além, por outro a chama, símbolo da alma, afastava os demónios e os maus espíritos que actuam nas trevas” (CAETANO, 1993, p.346).
É significativo que, das que foram encontradas no concelho, três delas tenham surgido directamente associadas a sepulturas e, das restantes, só uma apareceu num lugar sem vestígios de necrópole.
Parece assim que a maior parte desses objectos encontrados no concelho estavam associados a ritos funerários.
Quando usadas na iluminação das casas, as lucernas eram colocadas em sítios elevados, “penduradas com correntes dos braços de candelabros ou do tecto” (CAETANO, 1993, p.346)
Possuíam um orifício central, por onde se colocava o combustível, geralmente azeite, uma pega e uma espécie de bico com outro orifício, ligado ao seu interior por um canal, onde se colocava o pavio, fabricado com filamentos de origem vegetal.
Era costume entre os romanos oferecer lucernas como presente de Ano Novo, o que acontecia, no calendário romano até 153 A.C., no fim de Março.
“As lucernas eram fabricadas em unidades industriais com bastantes operários e vários fornos, e eram depois transportadas para todo o Império. Vendiam-se nos mercados das cidades, em lojas (...) ou em venda ambulante” (CAETANO, 1993, p.349).
Em Portugal surgiram alguns raros moldes para fabrico de lucernas que parecem confirmar a existência de fábricas em Conimbriga, em Alcácer do Sal, perto de Serpa e em Braga.
Muitos desses fabricantes opunham a sua marca de fabrico às lucernas que produziam. Uma dessas marcas, identificada por Jorge Alarcão, MV, corresponde à descoberta em Portucheira, e, segundo esse estudioso, tem origem numa “oficina lusitana do século II ou dos inícios do III d. C.” (ALARCÃO, 1988, p. 147).
No Museu Municipal Leonel Trindade de Torres Vedras existe uma interessante colecção de lucernas, não só provenientes da região, mas também do Alentejo.

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