quinta-feira, 1 de outubro de 2015

REQUALIFICAÇÃO DO CHOUPAL: SIM, MAS...





Está no ordem do dia o nosso Choupal e pelas melhores razões. Finalmente, depois de tantos anos de abandono e desleixo, aquele espaço foi requalificado e oferece aos torreenses mais uma atraente alternativa de lazer.

Como cidadão amante da sua terra, tive oportunidade de intervir diversas vezes em público sobre o chamado “ problema do Choupal”. A última terá sido na página LUGAR ONDE, no Badaladas de 21 de Novembro de 2008. Através de um conjunto de imagens, clamava com estridor contra a agonia do que outrora fora o melhor lugar de passeio da vila. E aí fazia referência ao rio Sizandro, um dos binómios do problema, uma vala a céu aberto por onde escorria água fétida e nadavam frascos de plástico e pneus velhos.

Sabemos como são constrangedoras as dificuldades financeiras e, por isso, todos esperámos pacientemente, pela oportunidade de realizar a obra. E ela chegou: rio e parque foram requalificados, a Vala dos Amiais reaberta, o subsolo foi trabalhado para se defender do excesso das águas das chuvas, a superfície foi moldada e semeada de relva, o café Cheirinho deixou de lembrar maus odores e passou a Xeirinho, a velha bica com a sua placa de 1665 foi limpa, por trás dela foi implantado um bonito escadório de madeira, a dar acesso aos moradores do alto, a mais antiga capela do concelho – Senhora dos Amiais - emergiu do mar de automóveis e ergue-se, agora, na sua arquitectura singela, num espaço que a respeita e realça.

Por tudo isto estou feliz e congratulo-me com o trabalho realizado. Contudo, há dois aspectos que, em minha modesta opinião, me parecem criticáveis.
O primeiro é a ausência de um coreto. O que lá existia estava decrépito e a sua manutenção era incompatível com as obras. Isso é verdade. Mas, ao contrário dos que consideram que este equipamento urbano é antiquado, julgo que ele é como a roda: uma vez inventada não podemos prescindir dela. Um moderno coreto, com desenho contemporâneo, permitiria a existência de um espaço permanente para espectáculos musicais e um pequno lugar de arrumos para o que fosse necessário. Talvez ainda seja possível, um dia mais tarde, pensar nisto.

O segundo aspecto tem a ver com a ponte pedonal. O que ali vemos mais parece um viaduto de auto-estrada ou de comboio urbano de acesso a um túnel com saída no Forte de S. Vicente. Mas não: pesado em toda a força da sua estrutura, acaba ingloriamente numa plataforma pequenina, como se ali tivesse aparecido por engano. Bem sei que o projecto já tem uns anos e supunha a existência de um grande edifício para o qual seria necessário um acesso de veículos de carga. Mas, a partir do momento em que se desistiu – e bem!  – desse edifício, não teria sido possível “rever em baixa” a construção daquela estrutura? O processo seria dispendioso mas talvez compensasse pela poupança na construção. Quando vemos a maravilha da ponte pedonal “Pedro e Inês” em Coimbra não podemos deixar de olhar com alguma tristeza para o nosso viaduto.

Joaquim Moedas Duarte

(Texto já publicado na minha página do Facebook)

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